quinta-feira, 9 de setembro de 2010

tempo quente

A primeira molécula subiu o tubo enrolado, cercado de capilares sanguíneos, até ao poro ocluso da epiderme. A sua constituição era principalmente água, além de outras substâncias como ureia, ácido úrico e sal. Em cerca de dois milhões de outras glândulas o mesmo processo contínuo sucedia, independentes umas das outras, as primeiras moléculas subiam.
O poro abriu-se como cortinas de uma peça…dá-se inicio ao prelúdio…a primeira das primeiras moléculas libertou-se, mas não completamente, atrás dela outras seguiam no seu encalço, acumulando-se em redor do interstício, formam uma multidão de minúsculas gotículas, delicadas cúpulas líquidas, bastiões entre as duas fases, a fluida e a gasosa!
Centenas, biliões amontoavam-se, amotinavam-se, o peso e o volume deste agregado já há muito que ultrapassava os limites da física e então deixou de ser cativa do poro que a prendia. Escorreu vagarosamente, contornando as rugas da testa destacadas… não sei se pelo cerrar do olhar ou então pela idade já avançada… seguiu uma senda e ladeou o rosto até à linha do maxilar, ganha velocidade à medida que outras gotas se juntam a ela e o seu tamanho duplica. E é então que por breves segundos, vê-se suspensa na barba de um dia…e cai.

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