terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

tempo frio

Pago uma rodada, brindamos à saúde, à amizade, aos longos anos de vida. Já é tarde. Sinto a falta dela na noite fria, que de tão fria me vai cortando o coração em pedaços e penso nela… a esta hora já sonha sob um edredão florido.
Não há outro sítio no mundo onde desejo mais estar, a não ser sob o mesmo edredão florido, e esperar que ela adormeça na dobra do meu braço, onde repousa os sonhos abrigada dos pesadelos pelo manto de penas.
Toco à campainha importunando o silêncio intenso, uns segundos depois o intercomunicador ilumina-se e a voz dela sexy e sonolenta diz:
-já demos, volte amanhã!
-desculpa vir acordar-te!
-a porta deve de estar trancada, espera um pouco, desço já!
Minutos depois, a luz do átrio acende-se e pelas escadas aparece a minha musa, de cabelo em desalinho, olhos minúsculos, pijama com ursinhos, enrolada num imenso casaco de malha. Raspo o vidro da porta implorando a entrada.
-seu vadio! Diz enquanto abre a porta, e lambo-lhe a cara em resposta!
-és mesmo doido e estás gelado! E subimos até casa dela, sigo o perfume que acaba de deixar, o mesmo que reconheço em qualquer lugar, a falta da minha inspiração tem destas coisas, rimar deixar com lugar é do pior que já tenho escrito!
E antes de se deitar, faz o aviso:
-não abras o armário, tive de meter o outro lá dentro!
-não era necessário, podias deixar estar, era mais um para aquecer a cama…
Tiro a roupa fria e deslizo pelos lençóis ainda quentes, abraço-a e ela beija-me dizendo:
-Parabéns!

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