sexta-feira, 4 de março de 2011

a arte da esgrima!

-Vieste cedo! Digo-lhe pelo intercomunicador, com a barba meia feita.
-estava com saudades tuas, meu Imperador…!
-sobe!
Deixo a porta aberta enquanto vou tratar do resto da barba, ela sobe e fecha a porta.
-ainda estás de boxers e de barba por fazer?
-é só tomar banho…
-e vestir?... ou vais assim? Abraça-me por trás e reparo que está da minha altura.
-estás mais alta! Viro-me para a ver melhor…fico embasbacado!
-gostas? Perguntou rodando sobre as pontas dos pés…
-adoro!
Cortou o cabelo, deixando comprido à frente e ligeiramente mais curto atrás, num volume em desalinho; uma moldura num rosto que o torna incrivelmente mais belo e uns olhos ainda mais verdes, lábios ainda mais deliciosos…num vestido que ela nunca usa, pernas que nunca mostra nuns saltos que a levam à minha altura.
-onde é que vamos mesmo, Sua Majestade? Puxando-a para mim pela cintura acentuada pelo cinto fino que usa sobre o vestido.
-o Meu Imperador vai tomar banho e vestir-se rapidinho!
Vamos jantar a casa de uns amigos dela, são três casais…querem conhecer-me, vão medir-me, testar-me, provavelmente fazer análises ao sangue e urina, umas quantas radiografias, e sei lá que mais.
Passo a mão da manete das mudanças para a articulação sinovial inferior dela, que é o mesmo que dizer joelho, e deslizo pela perna acima…
-pára César Manuel, que me excitas! Virá na próxima à esquerda.
Ela faz as apresentações, as amigas são daquelas que dão a cara apenas para receber um beijo e deixam-me suspenso no outro…ela repara e sussurra.
– depois compenso-te a falta de beijos!
-só preciso dos teus para ser feliz!
Ofereço a minha ajuda na cozinha, é o sítio onde me sinto melhor numa casa estranha, a cheirar os tachos tal como fez o João, aquele que era Ratão e que acabou cozido e assado no caldeirão! A dona da casa é simpática, gosta de comida italiana como eu; o dono nem por isso, ri alto e faz um esforço para ser o centro das atenções. A conversa prossegue à mesa, onde cada prato se encontra perfeitamente cercado de cada lado por fileiras de talheres e no topo por uma cascata de copos e copinhos. Não sei se a finalidade é assustar ou que eu faça má figura em frente à Soberana do meu coração, mas pelos vistos ninguém lhes disse que sou César, Imperador dos copos e talheres!
Penélope está com ar sério, talvez preocupada, mas o semblante altera-se quando lhe pego a mão e a beijo, e depois lhe sirvo água no copo certo! O jantar decorre sem grandes percalços, depois de uns quantos copos e talheres usados, o ambiente ameniza, o gelo derrete e escorre algures pelo soalho corrido de madeira. Mas falta a pergunta da praxe:
-Então César, ouvi dizer que vende livros?! Claramente provocador, o dono da casa opta pelo florete. Desembainho a espada fina sem gume, de pega francesa e cumprimentamo-nos com a arma num gesto rápido antes de dar início ao duelo! Ele acha que me rebaixa por eu não ter um cargo importante ou um canudo impressionante. Mas a dona da casa, claramente uma aliada, e preocupada que o combate quebre algum bibelô, remata:
-deve ser tão bom estar todo o dia rodeado de livros. Adoro livros! E Penélope aproveita a deixa:
-tens de ver a biblioteca deles…é magnífica!
E vamos ver a biblioteca, de facto, magnífica é o adjectivo apropriado, com estantes em madeira escura, iluminação direccionada, os livros ocupam a parede desde o chão ao tecto. A variedade de temas e autores é extraordinária, passo os dedos por algumas lombadas, edições antigas, encadernações preciosas…
Finalmente a noite chega ao fim, estou cansado das estocadas da lâmina mas mesmo assim não resisto aos apelos da minha rainha que me pede umas massagens, enquanto me enche de beijos!

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