quarta-feira, 2 de março de 2011

prática com açaime

a noite caiu sobre um dia indiferente e espero por ela na estação, enxuto, encolhido de frio. E eis que surge, radiante e aparentemente distante, mas atenta às horas e ao metro que se aproxima. Dois passos, ou qualquer coisa como um metro, mas para não voltar a usar a palavra metro exagero a distância e a dois passos dela, volta-se como que sentindo a minha presença, o meu vazio.
- chegaste agora?
- não, já aqui estava à tua espera.
- não te vi...
- estava encolhido e vazio!
- e agora estás mais preenchido?
- nem tu imaginas quanto!
- mas tínhamos combinado alguma coisa?
- não, eu é que resolvi fazer-te uma surpresa!
Entramos no metro, nem completamente cheio, nem demasiadamente vazio. os lugares lado a lado estão preenchidos, ficamos em pé à porta, cabeças juntas, tão juntas que o mais leve solavanco aproxima as nossas bocas.
-então vou ter de mandar uma mensagem ao outro a desmarcar...
- tu vê lá, se preferires estar com ele...?
Uma senhora já com alguma idade, nas proximidades lança olhares de dúvida...
-não, tu cozinhas melhor!
- é só nisso que sou melhor?
- também és melhor no sexo oral...
a senhora com alguma idade procura desesperadamente outra porta e distanciar-se da palavra sexo!
- assustaste a senhora!
- ela não tinha nada que vir para aqui ouvir a nossa conversa...
- mas espera lá, não mudes de assunto...só sou melhor nisso?
- não me estou a queixar...
- e o resto?
- no resto és mediano, só à excepção das massagens, nisso és fraquito!
- nunca tive reclamações...
- estás a ter agora, mas não é motivo para ficares preocupado, só tens de praticar muito e olha eu ando aqui com uma dor... devo ter dado um jeito nas costas! Podes praticar em mim...
- talvez precise de uma aulas particulares com uma tailandesa...
-talvez precises de um açaime e quem sabe, de uma trela...

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