sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

coturnos

Em jeito de celebração pela quinquagésima publicação no meu outro blog, pensei em escrever sobre um tema mais profundo, sobre algo sublime, distinto, exclusivo.
Espenujei que é o mesmo que dizer que sacudi as penas, e comecei a rabiscar possíveis temas no talão do supermercado, o primeiro que surgia era efectivamente as mulheres:
Il y a une femme dans toute les affaires, aussitôt qu'on me fait un rapport, je dis: 'Cherchez la femme'.
E é nesse momento que sofro de uma apreensão, geralmente são inesperadas, do significado de algo profundo. Como posso escrever sobre elas, afinal o que sei sobre as mulheres que preencha vinte linhas do meu caderno?! Sentindo que vivia na ignorância passei ao segundo tema: Peúgas!

Já estou mesmo a ver alguns olhares de soslaio (adoro esta palavra, mil vezes mais perfeita que aquela de esguelha), pensando, foi desta que ele perdeu o juízo, desta feita no supermercado!

Um coturno só é valorizado quando se é atormentado durante um dia inteiro, por um par de peúgas que perdendo a resistência, teimam em descair desde o artelho até ao dedo grande do pé!
Mas há mais...todos sabemos que as meias transportam uma simbologia própria, por isso se colocam junto à lareira na esperança que um presente seja deixado, por um desconhecido de barbas brancas... ou então por uma criança envolvida num cueiro.

Isto tudo para chegar até aqui: Eu recebia sempre meias pelo Natal, e passado pouco menos de um mês, voltava a receber meias... sofria do trauma do embrulho que aparenta ter MEIAS!
Até compreender, que o importante não eram as meias, era quem as oferecia. E que um dia, aquelas mãos já enrugadas e trémulas da minha avó, não estariam presentes na entrega do característico embrulho que continha, o que eu já sabia serem meias!
Mas há mais... a minha avó este ano resolveu surpreender-me, já comprou dois pares de "coturnos" e umas "trusses", para me oferecer no Natal... foi um passarinho que me disse!

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