“Era o processo que Tomas usava para transformar uma conversa anódina numa situação erótica: fazia-o não com carícias, toques, elogios ou súplicas, mas com uma ordem…” Abeira-se silenciosamente e senta-se no braço oposto do sofá. “…que proferia bruscamente, de improviso, com uma voz suave, embora enérgica e autoritária, e à distância. Nesse momento, nunca tocava na mulher a quem se dirigia. Mesmo à própria Tereza dizia, exactamente no mesmo tom: “Despe-te!” e embora falasse com suavidade…” Não desvio a atenção do livro, trinca ruidosamente uma maçã na tentativa de me provocar. “…embora sussurrasse, tratava-se realmente de uma ordem. Só por lhe obedecer, ela ficava logo excitada.” Segunda dentada na maçã, capta definitivamente a minha atenção, fica linda naquele camisolão largo, com as pernas despidas, sentada no que parece um trono, mas é somente o braço do meu sofá. Largo a insustentável leveza sem o marcar, estico-me até alcançar o seu tornozelo e com força faço Danae cair do pedestal. Provocadora, abre as pernas, recebendo-me como teria recebido Zeus transmutado numa chuva de ouro. Lábios perfumados a maça verde, doces e húmidos, que perdição!
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